segunda-feira, maio 23, 2005
A BARRIGA É MINHA!
De todos os argumentos usados pelos defensores da liberalização do aborto, o mais medieval, o mais reaccionário e o mais estúpido é, sem qualquer sombra de dúvida: «A barriga é minha!».
Este tem sido, aliás, ao longo dos séculos, o grande argumento para justificar todo o tipo de barbaridades e violações, desde os direitos humanos aos direitos dos animais, passando pelos atentados ecológicos e urbanísticos.
Por que é que os homens batem nas mulheres? Porque «a mulher é minha». Por que é que os pais espancam e violam os filhos? Porque «o filho é meu». Por que é que os donos maltratam os animais? Porque «o cão é meu». Por que é que existem tantos atentados urbanísticos? Porque «a casa é minha» e «o terreno é meu».
No século XXI e num país civilizado, este argumento já não é admissível. Porque, para além dos direitos de propriedade, dos pais, do marido e do direito à nossa barriga, há uma sem número de outros direitos que interagem com estes e que os limitam. Além disso, vivemos num mundo onde são cada vez mais valorizados e reforçados os direitos dos mais desprotegidos, como é o caso dos menores, das minorias étnicas, dos animais, do meio ambiente, etc. E se no século XXI, como todos sabemos e aceitamos, até os animais, as plantas, as árvores e os rios têm direitos, quanto mais os seres humanos...
Ora, se um agricultor não pode sequer invocar o argumento de que o terreno é dele para destruir um simples ninho de cegonha como pode uma mulher querer justificar o aborto com o facto de ser a dona da barriga? Pode haver outros argumentos (que os há). Mas nunca este. Obviamente.
Não é, no entanto, de estranhar que seja precisamente o Bloco de Esquerda que mais utiliza este argumento na defesa do aborto, uma vez que se trata de um partido manifestamente reaccionário, como, aliás, ficou bem demonstrado pela espontânea afirmação de Francisco Louçã no recente debate com Paulo Portas, a propósito deste tema: «O senhor não pode falar do direito à vida porque nunca gerou vida. Não sabe o que é gerar vida. Eu tenho uma filha. Eu sei o que é um sorriso de uma criança.»
E ainda dizem que não há machões em Portugal. É assim mesmo, Francisco Louçã. Só tem direito a falar do aborto os homens que fazem amor sem preservativo, porque só esses é que sabem o que é gerar vidas. Homossexuais, lésbicas, homens castos ou praticantes de sexo seguro? Bico calado!
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
Este tem sido, aliás, ao longo dos séculos, o grande argumento para justificar todo o tipo de barbaridades e violações, desde os direitos humanos aos direitos dos animais, passando pelos atentados ecológicos e urbanísticos.
Por que é que os homens batem nas mulheres? Porque «a mulher é minha». Por que é que os pais espancam e violam os filhos? Porque «o filho é meu». Por que é que os donos maltratam os animais? Porque «o cão é meu». Por que é que existem tantos atentados urbanísticos? Porque «a casa é minha» e «o terreno é meu».
No século XXI e num país civilizado, este argumento já não é admissível. Porque, para além dos direitos de propriedade, dos pais, do marido e do direito à nossa barriga, há uma sem número de outros direitos que interagem com estes e que os limitam. Além disso, vivemos num mundo onde são cada vez mais valorizados e reforçados os direitos dos mais desprotegidos, como é o caso dos menores, das minorias étnicas, dos animais, do meio ambiente, etc. E se no século XXI, como todos sabemos e aceitamos, até os animais, as plantas, as árvores e os rios têm direitos, quanto mais os seres humanos...
Ora, se um agricultor não pode sequer invocar o argumento de que o terreno é dele para destruir um simples ninho de cegonha como pode uma mulher querer justificar o aborto com o facto de ser a dona da barriga? Pode haver outros argumentos (que os há). Mas nunca este. Obviamente.
Não é, no entanto, de estranhar que seja precisamente o Bloco de Esquerda que mais utiliza este argumento na defesa do aborto, uma vez que se trata de um partido manifestamente reaccionário, como, aliás, ficou bem demonstrado pela espontânea afirmação de Francisco Louçã no recente debate com Paulo Portas, a propósito deste tema: «O senhor não pode falar do direito à vida porque nunca gerou vida. Não sabe o que é gerar vida. Eu tenho uma filha. Eu sei o que é um sorriso de uma criança.»
E ainda dizem que não há machões em Portugal. É assim mesmo, Francisco Louçã. Só tem direito a falar do aborto os homens que fazem amor sem preservativo, porque só esses é que sabem o que é gerar vidas. Homossexuais, lésbicas, homens castos ou praticantes de sexo seguro? Bico calado!
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha