segunda-feira, maio 23, 2005

 

"Nada disto aconteceu”

Quanto à experiência de poder do PS, desde a queda do cavaquismo, em 1995-96, até 2002, existe uma espécie de amnésia. A verdade, se calhar, é que nada do que a seguir se enumera alguma vez existiu. A saber:

- Acumulação de défice excessivo nas contas públicas, originando o despertar da repressão de Bruxelas, para além de incentivo irresponsável ao gasto individual e desprezo pelos apelos à moderação e à poupança.

- Saída de Sousa Franco do Executivo, depois de as linhas mestras das suas políticas de saneamento da conta pública se terem tornado inviáveis, ou politicamente indesejáveis. - Análise negra do estado da economia portuguesa, por parte de Cavaco Silva, numa entrevista famosa de Julho de 2000.

- Alegações de políticos, empresários e governantes, segundo os quais a banca portuguesa estava a ser vendida ao desbarato ao estrangeiro.

- Anunciados planos de combate à evasão fiscal, anunciados falhanços dos mesmos planos, anunciada continuação da dita.

- Ligações perversas da política ao futebol, com o cortejo conhecido de enxovalhos, confusões e negócios.

- Insistência na política de co-incineração como única via possível de tratamento de resíduos perigosos, apesar da divisão dos especialistas e da oposição do "homem da rua", certamente manipulado por caciques e envenenado pela Comunicação Social privada.

- Episódio dito do "queijo Limiano", ou a cedência da alma em troco devotos no Parlamento

-Quedas sucessivas de ministros da Defesa, conflitos entre titulares e primeiro-ministro, queixas de falta de meios, espectáculo de parca mobilização de recursos para tarefas externas, divulgação pública de listas de agentes "secretos", novelo de escândalos em torno da aquisição de armamento e fardamento, cenas de estalada entre chefes políticos e chefes da "comunidade de informações".

- Tragédia da ponte de Entre-os-Rios, originando a demissão de JorgeCoelho, e suspeita geral sobre o estado das obras públicas.

- Inundação do túnel do metro em Santa Apolónia, e alegação de que o mesmo foi ali feito com grande risco, sem as precauções devidas e não levando até ao fim estudos exaustivos sobre as características do subsolo.

- Escândalos na JAE, corrupio de acusações e alegações, e declarações críticas do engenheiro Cravinho, dizendo que Guterres havia sido derrotado pelos "grandes interesses" e pelos lobbies (Janeiro de 2000)

- Colapso na gestão das grandes cidades, que levou a uma maré de rejeição, em 2001, e à passagem da era PS para a era PSD, em Lisboa, Coimbra, Porto, Sintra, etc..

- Fantasmas desastrosos, como o espectáculo de "Porto, Capital da Cultura", com obras a juncar a vida do cidadão comum, turistas perdidos e desiludidos, projectos inacabados, escândalos financeiros e "mistérios"como os da Casa da Música.

- Escândalo em torno da Fundação para a Segurança, levando à saída"apocalíptica" de Fernando Gomes do barco do guterrismo, e a sugestões de conspirações no seio do poder, com o primeiro-ministro a saber tudo e a calar ainda mais.

- Filosofia de miséria na RTP, levando o serviço público à pré-morte, depois de anos de insanidade financeira, extravagâncias de programação, guerras civis de chefias e tentativas infantis de controlo político, dos telejornais às entrelinhas

- Desinteresse pela política por parte dos cidadãos mais de um terço decidiu não votar nas legislativas de Outubro de 1999, mesmo depois de Guterres ter dito que o seu pior inimigo era a abstenção

- Estado geral de guerra civil dentro do Governo e da maioria quase-absoluta, levando António Guterres a bater com a porta, clamando que o país se encontrava num pântano.


Enfim, foi tudo um sonho.

Comments:
Nunca é de mais recordar a tragédia que foi o governo de Guterres. Infelizmente não serviu de lição, pois tudo indica que vai voltar a repetir-se, mas agora pela mão do engenheiro (será que é mesmo engenheiro??) José Socrates.
 
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