segunda-feira, maio 23, 2005
O Estado e a educação sexual
Em Portugal discute-se a educação sexual nas escolas. É importante saber-se o que o Governo de José Sócrates vai fazer. O que se conhece é aterrador. Trata-se de crianças
Falta na sociedade de hoje uma coisa simples respeito e cuidado com o outro. Se quiserem, cerimónia, acanhamento. De uma forma genérica, o cuidado foi-se perdendo pela vulgarização do que se define como absoluto: somos todos iguais. Não somos e é nesse preciosismo que se constrói a liberdade.
Somos iguais sendo diferentes - e é nessa verdade que surge o combate assumido pelo novo chefe da Igreja Católica. Um combate ao relativismo.
A eleição de Joseph Ratzinger levantou um coro de frustração que envolveu pessoas como Mário Soares. Um entre muitos que, no mundo em que querem viver, preferiam um Papa sem regras ou contradições.
Os argumentos são, também eles, vulgares há o preservativo, a pílula do dia seguinte, o aborto, a droga que está aí e é incontrolável. Dito isto, legalize-se tudo o que é costume.
É óbvio que ninguém no seu perfeito juízo quererá ilegalizar o preservativo, uma escolha pessoal ou negar a droga que existe. Muito menos deixar de questionar o tratamento que se dá à vida humana. Não é assim que se faz o combate ele é duro por ser contra a corrente do facilitismo a que a espécie triunfante regularmente cede para justificar as suas fraquezas.
Em Portugal discute-se a educação sexual. O Estado está preocupado e quer ser responsável a ideia é ensinar no currículo básico. Trata-se de crianças.
E o que se conhece do desenho de um programa educacional é aterrador. Susceptível de se imaginar o trabalho de um professor numa sala de aula. Exemplos possíveis estão num texto exemplar de Henrique Monteiro no Expresso.
Questiona-se o articulista sobre o efeito de algumas questões que o programa possibilita "Em que pontos gostas mais que te toquem? Já te masturbaste? Onde? Com quem? Imagina que chegaste a um país onde a maioria da população é homossexual..." E se estas perguntas fossem feitas "a um adulto, num emprego"?
Imaginem que isto acontece a crianças, ditado por um Estado que acha que a educação sexual é uma obrigação social e, nesse pressuposto, se deve substituir à família, aos pais que devem ser educadores.
É assim que pensam os fundamentalistas que gritam com o argumento do reaccionarismo e descobrem a homofobia. Eles andam por aí, já fabricaram um dia de luta nacional e engrossam a frente de tontos que alimenta o grupo de Francisco Louçã.
É importante saber-se o que o Governo de José Sócrates vai fazer. Há vida além do défice.
RAUL VAZ
www.dn.pt
Falta na sociedade de hoje uma coisa simples respeito e cuidado com o outro. Se quiserem, cerimónia, acanhamento. De uma forma genérica, o cuidado foi-se perdendo pela vulgarização do que se define como absoluto: somos todos iguais. Não somos e é nesse preciosismo que se constrói a liberdade.
Somos iguais sendo diferentes - e é nessa verdade que surge o combate assumido pelo novo chefe da Igreja Católica. Um combate ao relativismo.
A eleição de Joseph Ratzinger levantou um coro de frustração que envolveu pessoas como Mário Soares. Um entre muitos que, no mundo em que querem viver, preferiam um Papa sem regras ou contradições.
Os argumentos são, também eles, vulgares há o preservativo, a pílula do dia seguinte, o aborto, a droga que está aí e é incontrolável. Dito isto, legalize-se tudo o que é costume.
É óbvio que ninguém no seu perfeito juízo quererá ilegalizar o preservativo, uma escolha pessoal ou negar a droga que existe. Muito menos deixar de questionar o tratamento que se dá à vida humana. Não é assim que se faz o combate ele é duro por ser contra a corrente do facilitismo a que a espécie triunfante regularmente cede para justificar as suas fraquezas.
Em Portugal discute-se a educação sexual. O Estado está preocupado e quer ser responsável a ideia é ensinar no currículo básico. Trata-se de crianças.
E o que se conhece do desenho de um programa educacional é aterrador. Susceptível de se imaginar o trabalho de um professor numa sala de aula. Exemplos possíveis estão num texto exemplar de Henrique Monteiro no Expresso.
Questiona-se o articulista sobre o efeito de algumas questões que o programa possibilita "Em que pontos gostas mais que te toquem? Já te masturbaste? Onde? Com quem? Imagina que chegaste a um país onde a maioria da população é homossexual..." E se estas perguntas fossem feitas "a um adulto, num emprego"?
Imaginem que isto acontece a crianças, ditado por um Estado que acha que a educação sexual é uma obrigação social e, nesse pressuposto, se deve substituir à família, aos pais que devem ser educadores.
É assim que pensam os fundamentalistas que gritam com o argumento do reaccionarismo e descobrem a homofobia. Eles andam por aí, já fabricaram um dia de luta nacional e engrossam a frente de tontos que alimenta o grupo de Francisco Louçã.
É importante saber-se o que o Governo de José Sócrates vai fazer. Há vida além do défice.
RAUL VAZ
www.dn.pt