domingo, junho 05, 2005
Cortar na despesa
Para o leitor mais atento, repare neste artigo que retirei no DN de hoje da autoria do Francisco Sarsfield Cabral e veja se eu nos meus artigos tinha ou não razão:
Só a redução da despesa do Estado garantirá que, daqui a anos, não se revelem de novo inúteis os sacrifícios entretanto feitos para controlar o défice. O Governo já tomou medidas corajosas em matéria de segurança social da função pública. E congelou temporariamente as progressões nas carreiras dos funcionários. Também anunciou auditorias para reestruturar ministérios. Mas, para não ficar apenas em medidas pontuais e nas boas intenções, o Governo terá de assumir estratégias consistentes em duas áreas na reforma de administração e na selectividade dos apoios sociais.Sem uma ideia clara quanto às prioridades do Estado não haverá reforma da administração. Isto implica opções políticas. Não se compreende que haja um funcionário do Ministério da Agricultura por cada três agricultores. E que 170 mil professores do Estado produzam um dos piores ensinos do mundo. Ou que, por cem mil habitantes, Portugal tenha cerca do dobro dos funcionários judiciais e magistrados que tem a França, com a eficácia que sabemos. Numa palavra, exigem-se reformas a sério. Não basta aplicar critérios de gestão empresarial. Estes ajudam a eliminar desperdícios, mas são insuficientes para definir prioridades e medir a qualidade dos serviços. Por exemplo, a eficiência das Forças Armadas. Nas prestações sociais (incluindo a saúde), o único caminho é a prioridade aos mais pobres. Hoje, todos - pobres, ricos e remediados - recebem os mesmos benefícios. Além de injusto, é incomportável a prazo. Mas a selectividade em função dos rendimentos de cada um enfrenta dois problemas. A fiabilidade das declarações de IRS, que depende do sucesso da luta contra a fuga aos impostos. E o facto de a maioria dos votos pertencer agora à classe média, não aos mais pobres - o que faz tremer os políticos.Tinha razão.
Hugo Martinho
www.intramolecular.blogspot.com
Só a redução da despesa do Estado garantirá que, daqui a anos, não se revelem de novo inúteis os sacrifícios entretanto feitos para controlar o défice. O Governo já tomou medidas corajosas em matéria de segurança social da função pública. E congelou temporariamente as progressões nas carreiras dos funcionários. Também anunciou auditorias para reestruturar ministérios. Mas, para não ficar apenas em medidas pontuais e nas boas intenções, o Governo terá de assumir estratégias consistentes em duas áreas na reforma de administração e na selectividade dos apoios sociais.Sem uma ideia clara quanto às prioridades do Estado não haverá reforma da administração. Isto implica opções políticas. Não se compreende que haja um funcionário do Ministério da Agricultura por cada três agricultores. E que 170 mil professores do Estado produzam um dos piores ensinos do mundo. Ou que, por cem mil habitantes, Portugal tenha cerca do dobro dos funcionários judiciais e magistrados que tem a França, com a eficácia que sabemos. Numa palavra, exigem-se reformas a sério. Não basta aplicar critérios de gestão empresarial. Estes ajudam a eliminar desperdícios, mas são insuficientes para definir prioridades e medir a qualidade dos serviços. Por exemplo, a eficiência das Forças Armadas. Nas prestações sociais (incluindo a saúde), o único caminho é a prioridade aos mais pobres. Hoje, todos - pobres, ricos e remediados - recebem os mesmos benefícios. Além de injusto, é incomportável a prazo. Mas a selectividade em função dos rendimentos de cada um enfrenta dois problemas. A fiabilidade das declarações de IRS, que depende do sucesso da luta contra a fuga aos impostos. E o facto de a maioria dos votos pertencer agora à classe média, não aos mais pobres - o que faz tremer os políticos.Tinha razão.
Hugo Martinho
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