terça-feira, agosto 30, 2005
A CULPADA FOI A MINHA FILHA
O anti-americanismo doentio de uma certa esquerda impede certos comentadores e políticos da nossa praça de não deixar transparecer nos seus rostos a satisfação que lhes vai na alma sempre que é anunciado mais um atentado terrorista. E a forma ansiosa como alguns deles se apressam a prever para breve um atentado em Portugal assemelha-se muito mais a um desejo do que a uma previsão: «dos países que estiveram na cimeira das Lajes, só já falta Portugal.» Aliás, se se vier a concretizar um atentado no nosso país, estou absolutamente convencido que, mesmo que lhes pereça no atentado algum familiar, o regozijo pelo facto de terem acertado na sua previsão vai superar em muito o sofrimento do luto.
Mário Soares não se inclui, obviamente, neste grupo. Mas as suas posições em relação da Al Qaeda, as suas absurdas justificações dos atentados e as suas propostas de conversações com Bin Laden e os fundamentalistas, acabam por transformá-lo no nosso general Pétain que, depois de ter sido um herói francês da I Guerra Mundial, resolveu, no fim da vida, andar a negociar com Hitler, sujeitando a França à ignomínia de Vichy.
Bin Landen e os fundamentalistas islâmicos declararam guerra ao Ocidente e a todos aqueles que partilham dos nossos valores e do nosso modo de vida. Como alguém disse recentemente, «nós somos atacados pelo que nós somos e não pelo que nós fizemos».
Não adianta, por isso, tentar encontrar explicações para os atentados na guerra do Iraque ou do Afeganistão. O início dos atentados é muito anterior a isso e a maior parte dos países atingidos por atentados não tiveram qualquer intervenção em qualquer dessas duas guerras. Como Bin Laden disse recentemente, a batalha de 1492 em que os cristãos derrotaram e expulsaram o Califado de Córdoba da Península Ibérica é motivo bastante para justificar qualquer atentado contra os europeus. Agora é óbvio que os fundamentalistas têm um particular prazer em atingir aqueles que mais lhe fazem frente, como é o caso dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e de Israel. Disso ninguém duvida.
A globalização trouxe inevitavelmente um choque de civilizações. Acontece que há valores civilizacionais de que nós não podemos abrir mão. Com efeito, não podemos aceitar, seja em que circunstância for, nem a excisão feminina, nem qualquer forma de escravatura, nem a lapidação de mulheres por adultério, nem a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, nem a crueldade de certas penas, etc. etc.
Por outro lado, os fundamentalistas islâmicos, em particular, e os muçulmanos, em geral, aceitam mal estas interferências dos ocidentais e aspiram, por sua vez, a impor ao Ocidente, onde têm comunidades cada vez maiores, o seu modo de vida e os seus valores culturais.
Ora, neste contexto de guerra, frases do tipo «a razão não está só de um lado» só servem para enfraquecer o nosso lado e dar campo ao inimigo. Já imaginaram Churchill, na II Guerra Mundial, depois do bombardeamento de Londres pela aviação nazi, vir à rádio fazer uma afirmação destas?
Em tempo de guerra a razão está só de um lado: do nosso lado. Qualquer concessão ao inimigo neste aspecto é absolutamente inadmissível. Ou seja, podemos criticar a nossa filha por um dia ter saído sozinha à noite. Mas é totalmente inadmissível um pai justificar o assassino que matou e violou a sua filha com o facto de esta ter saído sozinha à noite.
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
Mário Soares não se inclui, obviamente, neste grupo. Mas as suas posições em relação da Al Qaeda, as suas absurdas justificações dos atentados e as suas propostas de conversações com Bin Laden e os fundamentalistas, acabam por transformá-lo no nosso general Pétain que, depois de ter sido um herói francês da I Guerra Mundial, resolveu, no fim da vida, andar a negociar com Hitler, sujeitando a França à ignomínia de Vichy.
Bin Landen e os fundamentalistas islâmicos declararam guerra ao Ocidente e a todos aqueles que partilham dos nossos valores e do nosso modo de vida. Como alguém disse recentemente, «nós somos atacados pelo que nós somos e não pelo que nós fizemos».
Não adianta, por isso, tentar encontrar explicações para os atentados na guerra do Iraque ou do Afeganistão. O início dos atentados é muito anterior a isso e a maior parte dos países atingidos por atentados não tiveram qualquer intervenção em qualquer dessas duas guerras. Como Bin Laden disse recentemente, a batalha de 1492 em que os cristãos derrotaram e expulsaram o Califado de Córdoba da Península Ibérica é motivo bastante para justificar qualquer atentado contra os europeus. Agora é óbvio que os fundamentalistas têm um particular prazer em atingir aqueles que mais lhe fazem frente, como é o caso dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e de Israel. Disso ninguém duvida.
A globalização trouxe inevitavelmente um choque de civilizações. Acontece que há valores civilizacionais de que nós não podemos abrir mão. Com efeito, não podemos aceitar, seja em que circunstância for, nem a excisão feminina, nem qualquer forma de escravatura, nem a lapidação de mulheres por adultério, nem a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, nem a crueldade de certas penas, etc. etc.
Por outro lado, os fundamentalistas islâmicos, em particular, e os muçulmanos, em geral, aceitam mal estas interferências dos ocidentais e aspiram, por sua vez, a impor ao Ocidente, onde têm comunidades cada vez maiores, o seu modo de vida e os seus valores culturais.
Ora, neste contexto de guerra, frases do tipo «a razão não está só de um lado» só servem para enfraquecer o nosso lado e dar campo ao inimigo. Já imaginaram Churchill, na II Guerra Mundial, depois do bombardeamento de Londres pela aviação nazi, vir à rádio fazer uma afirmação destas?
Em tempo de guerra a razão está só de um lado: do nosso lado. Qualquer concessão ao inimigo neste aspecto é absolutamente inadmissível. Ou seja, podemos criticar a nossa filha por um dia ter saído sozinha à noite. Mas é totalmente inadmissível um pai justificar o assassino que matou e violou a sua filha com o facto de esta ter saído sozinha à noite.
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha