quarta-feira, outubro 26, 2005
BASTA DE POLÍTICA!
Comecei a convencer-me que Mário Soares seria candidato a Presidente da República há dois anos quando veio a público afastar peremptoriamente essa hipótese. Ora, sendo a hipótese à partida tão descabida e absurda por que razão viria Mário Soares a público dizer que estava completamente fora de questão a sua candidatura? A resposta só podia ser uma: para lembrar a todos que essa hipótese não era assim tão absurda.
E fiquei com a certeza absoluta de que seria candidato quando, no seu discurso, durante a festa organizada, no final do ano passado, para festejar os 20 anos da sua candidatura à Presidência da República, afirmou: «Basta de política!».
Os meus amigos acharam que era impossível alguém ser tão hipócrita. Mas querem apostar como ele vai fazer tudo para ser o candidato do PS? Apostaram e perderam.
Infelizmente Mário Soares, com os seus 81 anos, já é muito previsível. Este truque politiqueiro de afirmar o contrário do que se pretende para que as pessoas se comecem a habituar à ideia já tem barbas.
Mas é destes políticos cheios de truques e de cartas na manga que o país se tem de livrar.
As presidenciais são as únicas eleições que fogem à lógica partidária e onde as personalidades emergem com uma força e legitimidade próprias. Nestas eleições, o povo português vota em pessoas e não em partidos, o que é extremamente positivo porque é, para todos nós, cada vez mais evidente que as pessoas são muito mais importantes do que os partidos. Como todos já descobrimos, não é o partido que faz um governante ou um dirigente competente, sério e trabalhador. Aliás, toda a gente reconhece que bons e maus há em todos os partidos.
É, por isso, bastante revoltante a forma como a esquerda está a tentar adulterar o espírito das eleições presidenciais, ao pretender transformá-las numa mera eleição partidária. Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã candidatam-se, após terem sido mandatados para o fazerem pelos próprios partidos de que são líderes. Por sua vez, Manuel Alegre e Mário Soares (que triste exemplo para um indivíduo que já se intitulou presidente de todos os portugueses) andaram numa guerra suja de bastidores a implorar o apoio do PS para se candidatarem. Sendo certo que Manuel Alegre, na qualidade de marido enganado de José Sócrates, acabou, mesmo assim, por avançar com a candidatura, mais por despeito do que por convicção, como salta aos olhos de toda a gente. E como em Portugal todos temos pena dos maridos enganados, é muito natural que Manuel Alegre acabe por ter um resultado melhor do que ele próprio está à espera.
Mas afinal qual é o grande desígnio nacional por que toda esta malta de esquerda se candidata? É por Portugal? É pela Reforma Agrária? É pela ditadura do proletariado? É pela interrupção voluntária da gravidez? Não, nada disso. O seu único objectivo é derrotar Cavaco Silva. De onde se conclui que, uma vez derrotado Cavaco Silva, o Presidente eleito escusa de tomar posse em virtude de o objectivo da sua candidatura já estar concretizado.
Quanto a Cavaco Silva, há dez anos completamente afastado da vida política-partidária, a sua candidatura é a única que cumpre os verdadeiros requisitos de uma candidatura presidencial: em primeiro lugar, porque é totalmente independente, quer dos partidos que o vierem a apoiar, quer da própria vontade dos seus líderes; em segundo lugar, porque não é um candidatura contra ninguém, mas uma candidatura por Portugal.
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
E fiquei com a certeza absoluta de que seria candidato quando, no seu discurso, durante a festa organizada, no final do ano passado, para festejar os 20 anos da sua candidatura à Presidência da República, afirmou: «Basta de política!».
Os meus amigos acharam que era impossível alguém ser tão hipócrita. Mas querem apostar como ele vai fazer tudo para ser o candidato do PS? Apostaram e perderam.
Infelizmente Mário Soares, com os seus 81 anos, já é muito previsível. Este truque politiqueiro de afirmar o contrário do que se pretende para que as pessoas se comecem a habituar à ideia já tem barbas.
Mas é destes políticos cheios de truques e de cartas na manga que o país se tem de livrar.
As presidenciais são as únicas eleições que fogem à lógica partidária e onde as personalidades emergem com uma força e legitimidade próprias. Nestas eleições, o povo português vota em pessoas e não em partidos, o que é extremamente positivo porque é, para todos nós, cada vez mais evidente que as pessoas são muito mais importantes do que os partidos. Como todos já descobrimos, não é o partido que faz um governante ou um dirigente competente, sério e trabalhador. Aliás, toda a gente reconhece que bons e maus há em todos os partidos.
É, por isso, bastante revoltante a forma como a esquerda está a tentar adulterar o espírito das eleições presidenciais, ao pretender transformá-las numa mera eleição partidária. Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã candidatam-se, após terem sido mandatados para o fazerem pelos próprios partidos de que são líderes. Por sua vez, Manuel Alegre e Mário Soares (que triste exemplo para um indivíduo que já se intitulou presidente de todos os portugueses) andaram numa guerra suja de bastidores a implorar o apoio do PS para se candidatarem. Sendo certo que Manuel Alegre, na qualidade de marido enganado de José Sócrates, acabou, mesmo assim, por avançar com a candidatura, mais por despeito do que por convicção, como salta aos olhos de toda a gente. E como em Portugal todos temos pena dos maridos enganados, é muito natural que Manuel Alegre acabe por ter um resultado melhor do que ele próprio está à espera.
Mas afinal qual é o grande desígnio nacional por que toda esta malta de esquerda se candidata? É por Portugal? É pela Reforma Agrária? É pela ditadura do proletariado? É pela interrupção voluntária da gravidez? Não, nada disso. O seu único objectivo é derrotar Cavaco Silva. De onde se conclui que, uma vez derrotado Cavaco Silva, o Presidente eleito escusa de tomar posse em virtude de o objectivo da sua candidatura já estar concretizado.
Quanto a Cavaco Silva, há dez anos completamente afastado da vida política-partidária, a sua candidatura é a única que cumpre os verdadeiros requisitos de uma candidatura presidencial: em primeiro lugar, porque é totalmente independente, quer dos partidos que o vierem a apoiar, quer da própria vontade dos seus líderes; em segundo lugar, porque não é um candidatura contra ninguém, mas uma candidatura por Portugal.
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha