quinta-feira, outubro 06, 2005

 

Nota sobre a participação dos Católicos na política

As próximas eleições autárquicas, marcadas para dia 9 de Outubro, são uma oportunidade excelente para escolhermos aqueles de nós que vão ter à sua disposição instrumentos importantes para a melhoria das realidades locais que nos afectam nas áreas, entre outras, do urbanismo, da habitação, dos transportes, das escolas, do emprego, mas também no desenvolvimento cultural, incluindo as dimensões histórica, artística, religiosa e ambiental, e ainda os apoios locais às famílias, sem esquecer o cuidado pelos mais pobres e marginalizados.
O poder autárquico tem, cada vez mais, de estar próximo e atento às populações que serve. Tem de escutá-las e, dentro das capacidades e competências próprias, agir com ponderação, mas também com imaginação e rapidez, sem burocracias obsoletas e demoras incompreensíveis, estimulando e apoiando as iniciativas que irão melhorar a vida das pessoas.
Compete ao povo escolher que ‘cidade’ quer e quem a vai governar. Fazê-lo é, não apenas um direito, mas também um dever, pois só pelo contributo de todos é possível chegar a patamares de desenvolvimento da vida social cada vez mais perfeitos.
Os cristãos católicos por serem cidadãos e por força do Evangelho hão-de ser modelo desta participação.
O tempo de campanha eleitoral – em que milhares de candidatos se manifestam disponíveis para servir a comunidade – é propício à cultura da esperança e da cidadania, do sonho e da atenção ao bem comum.
Cabe a todos contribuir para o melhor aproveitamento deste tempo.
Os candidatos fá-lo-ão na medida em que – antes e depois da eleição, no governo ou na oposição, – tenham sempre no horizonte das suas preocupações e iniciativas o bem de todos, não caiam no maniqueísmo de considerar mau tudo o que vem dos outros, nem na demagogia de prometer o que sabem que não poderão cumprir, nem transformem em ataques e ofensas pessoais a sã discussão dos problemas, nem façam do maior número de votos motivo de arrogante surdez às propostas dos outros.
Os eleitores, por sua vez, contribuirão para isso na medida em que cultivarem a capacidade de discernir, no meio das propostas que lhes são feitas pelos diversos candidatos, as que consideram, em consciência, mais importantes e viáveis para o bem das populações e na medida em que não se limitarem a ir votar e depois regressar à passividade de quem assiste, ora aplaudindo, ora censurando as decisões dos autarcas.
Após cada acto eleitoral, em que todos – reitero – devem participar por dever de consciência, começam novos desafios, para eleitos e eleitores, na participação comum naquilo que é de todos e tem de ser construído por todos com amor e sabedoria: o desenvolvimento global da comunidade.

Bispo de Setúbal

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