quinta-feira, janeiro 19, 2006

 

A Hora da Mudança

Domingo os Portugueses vão ás urnas escolher o futuro Presidente da Républica, trata-se da última eleição de um ciclo eleitoral frenético de dezoito meses. Para uma democracia que se diz ocidental é obra! A verdade é que nestas eleições está em causa a escolha do futuro Chefe de Estado, para os anos decisivos que se avizinham. Sou daqueles que consideram que estas eleições estão revestidas de enorme importância e que a decisão que delas emanar será determinante para os futuro das novas gerações.
A verdade é que, salvo lúcidos momentos na nossa história contemporânea, Portugal nunca se conseguiu afirmar como um país moderno e desenvolvido. Sempre vivemos rodeados de uma cultura de facilitismo, populismo, íntriga, conspiração e mesquinhez que nos impossibilitaram de encetar um rumo uniforme e capaz de nos colocar ao serviço de uma justiça social equilíbrada, de um progresso económico e de uma evolução cultural e social.
Parece que a nossa mentalidade colectiva, nunca se alheou de um certo mito provincianista periférico e sebastiânico. Nunca tivemos um Chefe de Estado catalizador e mobilizador de energias, capaz de sair do pedestral do elitismo político, do conforto palaciano de Belém, dos salões aburguesados da capital. Nenhum deles soube, para além de umas pomposas presidências abertas, compreender as verdadeiras necessidades de todos em torno dessa realidade que o país atravessa e de definir uma linha concertada de consenso nacional.
Eu vou votar Cavaco Silva. Não por ter sido um bom ministro das finanças e primeiro-ministro ou um excelente líder partidário, eu vou votar Cavaco Silva, porque acho que é o único dos seis candidatos com uma visão de futuro, com carisma e personalidade vincada e capaz de puxar por todos os Portugueses no sentido de um rumo que até agora nos tem faltado.
Não se trata de ser de esquerda ou de direita, trata-se de compreender a realidade e de saber que este é o momento certo e indubitavélmente uma das últimas oportunidades para apanharmos o comboio do desenvolvimento, prosperidade e modernidade.
Confesso que para além do melhor candidato, Cavaco é também um modelo, que qualquer Português deve seguir, quer de humildade, quer de coragem, esforço e delicação. Bem sei, que se este não fosse um momento de profunda necessidade, Cavaco não se canditaria. Cavaco não depende da política, nem dos seus privilégios desmesurados, Cavaco não precisa da ribalta nem da idolatria.
É com os olhos no futuro, naquilo que queremos para a nossa entidade colectiva que todos devemos ir votar. Esta é a hora, de deixarmos os nossos preconceitos, ideologias ,e egoísmos partidários e de nos unirmos todos em torno dessa causa tão nobre que é Portugal !

« Porque, meus amigos, a política não é uma viagem de recreio, é uma coisa muito séria que, quando levada com honestidade, é um serviço que se presta á comunidade, muitas vezes à custa de grandes sacrifícios» Anibal Cavaco Silva, 19 de Maio de 1985

Martinho

Comments:
Pelo empate a três
Pelo dragão de São Jorge
Pelo alfabeto cirilico
Pelo gozo em brasileiro
Pelo macho e p'lo paneleiro
Pela humanidade
Pelo fraterno olhar
Pela contenção
Pelo resíduo sólido
Pela atitude altruista
Pela direita que não teme nada
Pela depilação
Pelo murro na mesa
Pela concentração fabril
Pelos voos aos Brasil
Pela gaseificação do Barreiro
Pelo dorso com dinheiro
Pela carga d'água
Pela milicia de Alcácer
Pelo poeta que marca cantos
Pelo final dos episódios
Pelos sucedâneos prantos
Pela Maria que adoro
Pelas unhas tratadas
Pelas chuvas e p'las favas
Pelo mercantilismo
Pelo fim do abrilismo
Pela ganza social
Pelo grande bacanal
Pela poesia dos Dias Loureiro
Pelo maçarico, o oficial e o primeiro

Eu voto Cavaco
Porque usa fato e gravato.
 
"Vem por aqui"
Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem:
"Vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis:
"Vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide!
Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga:
"Vem por aqui!"
A minha vida é um vendaval que se solto
É uma onda que se alevantou
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio
Cântico Negro
 
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