quinta-feira, janeiro 19, 2006

 

UM ÚNICO CANDIDATO

A vitória categórica e esmagadora de Cavaco Silva na primeira volta das eleições presidenciais é um sinal animador de que Portugal, finalmente, atingiu a maioridade democrática e que já não tem medo dos papões e fantasmas com que a sua velha ama (leia-se Mário Soares) o quer obrigar a comer a sopa (leia-se a reelegê-lo Presidente).

Nestas eleições, quer se queira, quer não, há apenas um candidato presidencial: Cavaco Silva. Todos os outros são anti-candidato presidencial.

Ora, o tempo em que o povo português engolia tudo o que lhe impingiam à conta do papão do fascismo já lá vai. Hoje, felizmente, o povo português já cresceu o suficiente para perceber que o Homem-Do-Saco-Que-Leva-Os-Meninos-Que-Não-Comem-A-Sopa não só não existe como tem servido apenas de estratagema para nos caçarem o voto, à falta de melhores argumentos.

Além disso, a argumentação dos diferentes “anti-candidato presidencial Cavaco Silva”, de tão contraditória, chega a ser ridícula.

Para Mário Soares, o Presidente da República não tem, praticamente, poder nenhum. É apenas um árbitro que mal pode usar o apito. Ora, se assim é, nem se percebe por que razão é tão importante impedir a vitória de quem quer que seja, nem tão pouco por que decidiu voltar a candidatar-se aos 81 anos. Se o Presidente não aquece, nem arrefece…

Mas o que mais me choca em Mário Soares é a sua hipocrisia. Há um ano, aquando das eleições no PS, disse e escreveu, no Expresso e na Visão, o pior de José Sócrates, tentando mobilizar o partido contra este. Nessa altura, quando se perfilava a candidatura de Guterres à Presidência da República, Cavaco da Silva era, para Mário Soares, um excelente candidato e um homem cheio de qualidades para o cargo. A partir do momento em que passou a ser candidato, José Sócrates passou a ser um óptimo primeiro-ministro e um grande estadista e Cavaco Silva o diabo em pessoa que só sabe de Economia e mal.

Para uns, isto é política. Para outros (para aqueles que têm da política uma visão mais nobre), isto é cinismo e hipocrisia. E para outros, mais condescendentes com a idade do candidato, isto é apenas o reflexo natural da sua idade. Em boa verdade não partilho deste último ponto de vista, se bem que Mário Soares pareça muitas vezes estar a reeditar combates da sua juventude que, mantendo-se ainda bem vivos na sua memória, não têm qualquer correspondência no mundo em que vivemos. E este desfasamento da realidade é, de certa forma, próprio de uma pessoa da sua idade. Aliás, foi o próprio Mário Soares a invocar a razão da idade para mostrar a sua discordância pela eleição do novo papa Bento XVI que, por sinal, é mais novo do que ele. E foi também Mário Soares, na sua recente entrevista ao Expresso, que pôs a hipótese de renunciar se sentisse que estava a perder as suas faculdades mentais. Ou seja, o próprio Mário Soares reconhece que essa é uma hipótese a considerar, tendo em conta a sua avançada idade. Sendo certo que não é fácil, depois de perdidas as faculdades mentais, uma pessoa reconhecer que as perdeu.

Por sua vez, para os outros candidatos, a luta contra Cavaco Silva é a luta contra a direita. Acontece que a única coisa que distingue os candidatos de esquerda de Cavaco Silva é, apenas e tão-só, o facto de eles se intitularem de esquerda. Porque, quanto ao resto, analisados os programas e escutadas as suas intervenções, todos os candidatos vão, afinal, fazer o mesmo.

Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã conseguem, no entanto, atingir o cúmulo do contorcionismo político, na medida em que pretendem convencer o eleitorado de que votar contra as políticas do Governo de José Sócrates é eleger, na segunda volta, o candidato de esquerda Mário Soares que é precisamente o candidato apoiado por José Sócrates, pelo PS e pelos governantes socialistas e aquele que maior apoio promete ao Governo socialista. Como diria Jorge Palma: «Deixa-me rir!».

Felizmente, o povo português já começou a perceber que não são os rótulos que fazem as pessoas. Pessoas boas, competentes, sérias, solidárias e leais, assim como pessoas más, incompetentes, oportunistas, interesseiras, egoístas e desleais, existem em todo o lado e em todos os partidos. Lá vai o tempo em que bastava rotular uma pessoa de esquerda para transformar qualquer sapo num príncipe encantado ou rotular uma pessoa de direita para cobrir de lepra a pessoa mais extraordinária.

Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha

Comments:
Já sabíamos que o Estado não era uma pessoa de bem, mas nunca pensámos que esse mesmo Estado fosse agora - em quadrilhas politicamente organizadas - assaltar cada uma das famílias que usa o carro para se fazer transportar.

Max Weber ensinava que o Estado organizava a violência e podia utilizá-la legitimamente porque só assim se fazia respeitar e disciplinar todas as ameaças internas e os potenciais inimigos externos. Mas esta noção não era tão elástica ao ponto de permitir que o Estado assaltasse - duma vez só - os milhões de portugueses em simultâneo. E mais, consegue a proeza de os assaltar em movimento - deixando-nos completamente indefesos...

Desta feita o ouro negro não aumentou na fonte, o que se agravou, mais uma vez, foram os impostos do Estado relativamente aos produtos petrolíferos com vista a garantir duas coisas:

1) Aumentar a receita do Estado gerido por estes socialistas de tanga e para pagar os elevados ordenados aos amigalhaços da CGD e demais instituições para onde são acomodados os amigos da partido da Rosa;

2) Ajustar o défice que não se consegue estabilizar por via da racionalização das despesas públicas e da reorganização dos serviços na Administração Pública.

3) Pagar os lucros cessantes às empresas concessionárias como a Brisa - que assim vendem menos bilhetes de portagem - e o Estado tem de compensar essas falhas de mercado ao grupo Mello que as explora.

Vnha de Montargil para Ponte de Sôr e ouço na TSF um ouvinte que dizer "que votou no PS mas chama vigarista, mentiroso e aldrabão a José Sócrates".
Mesmo que ache esta linguagem excessiva, tenho de concordar com esta adjectivação, já que este Primeiro Ministro tem governado com recurso a um método: a mentira sistemática, e creio que o homem não foi eleito com base nessa catadupa de mentiras.

A não ser que ele não se sinta visado por elas só porque agora anda de muletas...

As muletas que estão a transformar os portugueses nestas batatas.
Isto é o que se chama esfolar os portugueses vivos, como se fazia aos coelhos.
Só que agora queimam-nos vivos com o petróleo.

Teremos de passar a andar com novos carros empurrados pelo vento???
Será que é desta que se fomenta uma guerra civil às portas de S. Bento - bloqueando Lisboa inteira??

Nota final: se este País não monta rapidamente uma refinaria em Sines, como advertiu no outro dia o empresário Patrick Monteiro de Barros - os portugueses bem se podem mudar todos para Espanha e pagar os nossos impostos lá...

Compensa.

Doravante, sempre que vejo Sócrates aparecem-me sempre duas imagens: a dos portugueses a serem queimados vivos com petróleo acompanhados da metáfora aqui de baixo - transformando as nossas cabeças em batatas maceradas.

Votem mais no PS...
Elejam a mentira como método de fazer política.
Portugal está em regime de autodestruição acelerada.

P.S. No caso da água contaminada no nosso munícipio o caso é igual.
 
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