sábado, fevereiro 18, 2006
DO GUTERRES AO SÓCRATES
Na véspera das legislativas, publiquei neste jornal um artigo intitulado «O Dever Cívico de Não Votar» de que não resisto agora a publicar um extracto: «O que é que os distingue (a Santana Lopes e José Sócrates)? Infelizmente, nada. Ou melhor, quase nada. A não ser que achemos que os problemas do país se resolvem com a legalização dos casamentos de homossexuais, do aborto e das salas de chuto.»
Houve, na altura, quem me criticasse pela visão tão catastrófica de um eventual Governo socialista liderado pelo delfim de Guterres, parecendo-lhes até absolutamente inverosímil que José Sócrates viesse sequer a tocar nos chamados temas fracturantes, tendo até em conta os graves problemas que assolavam o nosso país.
Pois aí estão as grandes preocupações socialistas. No primeiro ano de mandato, o novo referendo sobre o aborto foi a grande bandeira que mobilizou os deputados socialistas. Agora são os casamentos homossexuais. E as salas de chuto e a legalização da venda de drogas está na calha, a fazer fé nas entrevistas e artigos de opinião que por aí vão aparecendo.
Quanto ao resto, as reformas tem-se reduzido em esmifrar os trabalhadores até ao tutano e em enxovalhar as classes profissionais na praça pública, como se fosse a pontapé que se resolvessem os graves problemas deste país. Mas Portugal, infelizmente, é incapaz do meio termo, oscilando sistematicamente entre dois extremos: entre a bandalheira da 1ª República e a ditadura salazarista, entre Guterres e Sócrates.
Ora, uma das grandes reformas por que o país tanto anseia é a Reforma Administrativa. E dentro da Reforma Administrativa a redução do número de municípios e freguesias. Com efeito, os micromunicípios em que o nosso país está dividido são hoje um dos principais entraves ao desenvolvimento (designadamente, do interior do país), o principal obstáculo à tão propalada descentralização, um dos principais sorvedouros de dinheiros públicos e um dos principais responsáveis pela degenerescência e degradação da nossa democracia de que o caciquismo é uma das faces.
Como é fácil de perceber, quanto maior for o número de municípios menores são os recursos disponíveis para cada um, mais difícil é encontrar quadros técnicos competentes e qualificados, mais recursos são absorvidos pela máquina burocrática, com o aumento proporcional da sua ineficiência e mais dependente fica a eleição do presidente da Câmara do pequeno número de eleitores que o elege e que ele, por serem poucos, facilmente domina e controla.
O Governo e o ministro da tutela sabem isto muito bem, tanto assim que, logo na sua primeira entrevista, o ministro apontou precisamente para a necessidade imperiosa de se reduzir o número de municípios e freguesias. Só que, na hora da verdade, é preferível defender o casamento dos homossexuais e esquecer, de vez, a redução do número de municípios que nos consomem os recursos, o património e os valores.
No entanto, era bom não esquecer o destino que os nossos amigos árabes xiitas dão aos homossexuais. Porque, se os Governos europeus são tão lestos a passar por cima dos nossos valores culturais, tremem que nem varas verdes quando os fanáticos islâmicos lhes põem o dedo no nariz. Até no que respeita à liberdade de expressão, valor de que os europeus tanto se gabavam, bastou a ameaça dos fundamentalistas islâmicos a propósito das caricaturas de Maomé para que o nosso primeiro-ministro José Sócrates (tão severo e implacável com as classes profissionais) e a maioria dos governantes europeus ajoelhassem, de imediato, em pedidos de desculpa e a implorar compreensão. Andaram alemães, espanhóis e franceses a bater nas costas dos árabes, durante a guerra do Iraque, a pensar que assim fugiam à fúria muçulmana, para agora a maldita liberdade de expressão deitar tudo por terra...
Cá estaremos para ver quem vai acabar por ceder: se os fundamentalistas, se os europeus. Eu, pessoalmente, já sei quem vai ser. E o estimado leitor tem alguma dúvida quanto a isso?
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
Houve, na altura, quem me criticasse pela visão tão catastrófica de um eventual Governo socialista liderado pelo delfim de Guterres, parecendo-lhes até absolutamente inverosímil que José Sócrates viesse sequer a tocar nos chamados temas fracturantes, tendo até em conta os graves problemas que assolavam o nosso país.
Pois aí estão as grandes preocupações socialistas. No primeiro ano de mandato, o novo referendo sobre o aborto foi a grande bandeira que mobilizou os deputados socialistas. Agora são os casamentos homossexuais. E as salas de chuto e a legalização da venda de drogas está na calha, a fazer fé nas entrevistas e artigos de opinião que por aí vão aparecendo.
Quanto ao resto, as reformas tem-se reduzido em esmifrar os trabalhadores até ao tutano e em enxovalhar as classes profissionais na praça pública, como se fosse a pontapé que se resolvessem os graves problemas deste país. Mas Portugal, infelizmente, é incapaz do meio termo, oscilando sistematicamente entre dois extremos: entre a bandalheira da 1ª República e a ditadura salazarista, entre Guterres e Sócrates.
Ora, uma das grandes reformas por que o país tanto anseia é a Reforma Administrativa. E dentro da Reforma Administrativa a redução do número de municípios e freguesias. Com efeito, os micromunicípios em que o nosso país está dividido são hoje um dos principais entraves ao desenvolvimento (designadamente, do interior do país), o principal obstáculo à tão propalada descentralização, um dos principais sorvedouros de dinheiros públicos e um dos principais responsáveis pela degenerescência e degradação da nossa democracia de que o caciquismo é uma das faces.
Como é fácil de perceber, quanto maior for o número de municípios menores são os recursos disponíveis para cada um, mais difícil é encontrar quadros técnicos competentes e qualificados, mais recursos são absorvidos pela máquina burocrática, com o aumento proporcional da sua ineficiência e mais dependente fica a eleição do presidente da Câmara do pequeno número de eleitores que o elege e que ele, por serem poucos, facilmente domina e controla.
O Governo e o ministro da tutela sabem isto muito bem, tanto assim que, logo na sua primeira entrevista, o ministro apontou precisamente para a necessidade imperiosa de se reduzir o número de municípios e freguesias. Só que, na hora da verdade, é preferível defender o casamento dos homossexuais e esquecer, de vez, a redução do número de municípios que nos consomem os recursos, o património e os valores.
No entanto, era bom não esquecer o destino que os nossos amigos árabes xiitas dão aos homossexuais. Porque, se os Governos europeus são tão lestos a passar por cima dos nossos valores culturais, tremem que nem varas verdes quando os fanáticos islâmicos lhes põem o dedo no nariz. Até no que respeita à liberdade de expressão, valor de que os europeus tanto se gabavam, bastou a ameaça dos fundamentalistas islâmicos a propósito das caricaturas de Maomé para que o nosso primeiro-ministro José Sócrates (tão severo e implacável com as classes profissionais) e a maioria dos governantes europeus ajoelhassem, de imediato, em pedidos de desculpa e a implorar compreensão. Andaram alemães, espanhóis e franceses a bater nas costas dos árabes, durante a guerra do Iraque, a pensar que assim fugiam à fúria muçulmana, para agora a maldita liberdade de expressão deitar tudo por terra...
Cá estaremos para ver quem vai acabar por ceder: se os fundamentalistas, se os europeus. Eu, pessoalmente, já sei quem vai ser. E o estimado leitor tem alguma dúvida quanto a isso?
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha