sexta-feira, junho 30, 2006
OBVIAMENTE, DEMITO-O!
(Ou há moralidade ou comem todos)
Para que não seja mal interpretado, quero declarar, desde já, que subscrevo, em absoluto, as posições defendidas por Medina Ferreira, relativamente às reformas que deverão ser implementadas.
Agora também é certo que a dureza das reformas exige que se tenha absoluta confiança em quem as vai implementar.
Ora, aqui é que está o fulcro da questão. Por um lado, tendo o primeiro-ministro mentido tantas vezes, já ninguém acredita em nada do que ele diz. (Ainda a este propósito recordem-se as declarações de José Sócrates a seguir ao jogo de Portugal – Angola. «Um grande jogo e uma grande exibição», quando toda a gente viu que, quer o jogo, quer a exibição de Portugal, foram muito pobres. E disse isso com a mesma cara com que anuncia a recuperação económica e as grandes medidas do Governo, o que significa que qualquer português minimamente inteligente não pode deixar de concluir que, tanto uma como as outras, devem estar ao mesmo nível da exibição de Portugal). Por outro lado, encontrando-se o parlamento e o governo, completamente atulhados dos políticos responsáveis pelo estado a que isto chegou, ninguém já lhes reconhece competência, nem autoridade moral, para levar a cabo o que quer que seja. Ou será que os antigos ministros e deputados de António Guterres pensam que é adoptando agora poses ditatoriais que recuperam a sua autoridade moral aos olhos do povo? Ou que é culpando toda a gente (juízes, advogados, professores, funcionários públicos, agricultores, farmacêuticos, etc) que conseguem sacudir a água do capote?
A primeira grande reforma tem de ser moral: os políticos responsáveis pelo afundamento do país têm de assumir as suas responsabilidades. É por aqui que se tem de começar.
Além disso, para se ter legitimidade democrática para governar, não basta ganhar as eleições. É necessário dar cumprimento às medidas anunciadas no seu programa eleitoral e que justificaram o voto dos portugueses.
Com efeito, se um candidato a primeiro-ministro garante que, se ganhar as eleições, não vai aumentar os impostos, pode-se compreender que, dois anos ou três após ter sido eleito, devido a circunstâncias supervenientes, o Governo acabe por ter de aumentar os impostos. Mas já é totalmente inaceitável que, mal tome posse, a primeira medida que tome seja precisamente aumentar os impostos. Isto é uma autêntica burla. É o conto do vigário.
Ora, num caso destes, o Presidente da República, como mais alto magistrado da Nação, devia devolver imediatamente os votos aos portugueses que foram burlados, em defesa do princípio de que o crime não compensa.
Ainda recentemente, um socialista justificava-me o facto de José Sócrates ter tido necessidade de mentir descaradamente aos portugueses com o argumento de que, tendo em conta a situação do país, se tivesse falado verdade, teria perdido as eleições.
Ora, se achamos que o povo é burro, a única solução é acabar com esta palhaçada das eleições. Agora o que não me parece correcto é reduzir-se a democracia a uma eleição do melhor contador do conto do vigário. Até porque, como diz o povo, ou há moralidade ou comem todos. Na verdade, se é legítima a mentira para se conseguir o lugar de primeiro-ministro, por que razão o cidadão comum tem de falar verdade nas suas declarações ao fisco, no tribunal ou para conseguir um emprego? Sempre ouvi dizer que o exemplo vem de cima. Então, é por cima que se deve começar.
Por isso, quando o senhor Presidente da República, no seu discurso do 10 de Junho, resolveu perguntar aos portugueses, parafraseando John Kennedy, o que é que cada um de nós podia fazer pelo seu país, devia também ter feito essa pergunta a si próprio. E se a fizesse, a resposta só podia ter sido a de Humberto Delgado a propósito do primeiro-ministro da altura: «Obviamente, demito-o!»
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
Para que não seja mal interpretado, quero declarar, desde já, que subscrevo, em absoluto, as posições defendidas por Medina Ferreira, relativamente às reformas que deverão ser implementadas.
Agora também é certo que a dureza das reformas exige que se tenha absoluta confiança em quem as vai implementar.
Ora, aqui é que está o fulcro da questão. Por um lado, tendo o primeiro-ministro mentido tantas vezes, já ninguém acredita em nada do que ele diz. (Ainda a este propósito recordem-se as declarações de José Sócrates a seguir ao jogo de Portugal – Angola. «Um grande jogo e uma grande exibição», quando toda a gente viu que, quer o jogo, quer a exibição de Portugal, foram muito pobres. E disse isso com a mesma cara com que anuncia a recuperação económica e as grandes medidas do Governo, o que significa que qualquer português minimamente inteligente não pode deixar de concluir que, tanto uma como as outras, devem estar ao mesmo nível da exibição de Portugal). Por outro lado, encontrando-se o parlamento e o governo, completamente atulhados dos políticos responsáveis pelo estado a que isto chegou, ninguém já lhes reconhece competência, nem autoridade moral, para levar a cabo o que quer que seja. Ou será que os antigos ministros e deputados de António Guterres pensam que é adoptando agora poses ditatoriais que recuperam a sua autoridade moral aos olhos do povo? Ou que é culpando toda a gente (juízes, advogados, professores, funcionários públicos, agricultores, farmacêuticos, etc) que conseguem sacudir a água do capote?
A primeira grande reforma tem de ser moral: os políticos responsáveis pelo afundamento do país têm de assumir as suas responsabilidades. É por aqui que se tem de começar.
Além disso, para se ter legitimidade democrática para governar, não basta ganhar as eleições. É necessário dar cumprimento às medidas anunciadas no seu programa eleitoral e que justificaram o voto dos portugueses.
Com efeito, se um candidato a primeiro-ministro garante que, se ganhar as eleições, não vai aumentar os impostos, pode-se compreender que, dois anos ou três após ter sido eleito, devido a circunstâncias supervenientes, o Governo acabe por ter de aumentar os impostos. Mas já é totalmente inaceitável que, mal tome posse, a primeira medida que tome seja precisamente aumentar os impostos. Isto é uma autêntica burla. É o conto do vigário.
Ora, num caso destes, o Presidente da República, como mais alto magistrado da Nação, devia devolver imediatamente os votos aos portugueses que foram burlados, em defesa do princípio de que o crime não compensa.
Ainda recentemente, um socialista justificava-me o facto de José Sócrates ter tido necessidade de mentir descaradamente aos portugueses com o argumento de que, tendo em conta a situação do país, se tivesse falado verdade, teria perdido as eleições.
Ora, se achamos que o povo é burro, a única solução é acabar com esta palhaçada das eleições. Agora o que não me parece correcto é reduzir-se a democracia a uma eleição do melhor contador do conto do vigário. Até porque, como diz o povo, ou há moralidade ou comem todos. Na verdade, se é legítima a mentira para se conseguir o lugar de primeiro-ministro, por que razão o cidadão comum tem de falar verdade nas suas declarações ao fisco, no tribunal ou para conseguir um emprego? Sempre ouvi dizer que o exemplo vem de cima. Então, é por cima que se deve começar.
Por isso, quando o senhor Presidente da República, no seu discurso do 10 de Junho, resolveu perguntar aos portugueses, parafraseando John Kennedy, o que é que cada um de nós podia fazer pelo seu país, devia também ter feito essa pergunta a si próprio. E se a fizesse, a resposta só podia ter sido a de Humberto Delgado a propósito do primeiro-ministro da altura: «Obviamente, demito-o!»
Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha
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