quarta-feira, setembro 20, 2006

 

EL COMANDANTE PINOCHET E O SÍNDROMA DE ESTOCOLMO

Os atentados do 11 de Setembro foram uma declaração de guerra dos fundamentalistas islâmicos ao Ocidente e a todos aqueles que partilham dos nossos valores e do nosso modo de vida livre. Aliás, são os próprios lideres da Al Qaeda que o afirmam. Como alguém disse, «nós somos atacados pelo que nós somos e não pelo que nós fizemos».
Agora o que sempre tive dificuldade em compreender era por que razão uma grande percentagem de alvos potenciais de atentados terroristas, como somos todos nós que vivemos na Europa, nutre um carinho e uma preocupação tão grande com o destino e os direitos dos terroristas, ou seja, de quem tem por objectivo destruir-nos e matar-nos, a nós, às nossas famílias e aos nossos amigos.

Acham normal que, se souber que uma organização criminosa me quer matar, eu fique muito preocupado com os métodos que a polícia utiliza para impedir que me matem? O normal nestas circunstâncias seria precisamente o contrário: eu pretender que a polícia fizesse tudo o que fosse preciso para me proteger, fosse legal ou ilegal.

No entanto, graças à austríaca que esteve sequestrada oito anos numa cave, fiquei agora finalmente a perceber por que razão tantos ocidentais sentem uma empatia tão grande pelos terroristas da Al Qaeda, do Hezbollah e do Hamas. É o chamado «síndroma de Estrocolmo», denominação para o estranho fenómeno psíquico que faz com que as vítimas de sequestro se identifiquem com os seus raptores. E, hoje, infelizmente, os europeus também estão numa situação em tudo idêntica à da austríaca, porque também eles estão reféns dos fundamentalistas islâmicos.



Pinochet e Fidel Castro têm, infelizmente, muitas coisas em comum, designadamente: foram ambos dois ditadores sanguinários da América Latina e comandantes supremos das Forças Armadas dos respectivos países. Não percebo, por isso, por que razão os nossos jornalistas e comentadores hão-de tratar um por ditador e outro por «El Comandante».
No entanto, quando se comparam as duas ditaduras, não se pode deixar de concluir que a ditadura de Pinochet teve, em relação à ditadura de Fidel, duas vantagens: por um lado, foi mais curta (tendo terminado até por vontade do próprio ditador) e, por outro, conseguiu tirar o Chile da bancarrota transformando-o num dos países mais desenvolvidos da América Latina (Fidel, pelo contrário, enterrou os cubanos na mais absoluta miséria).

Para mim, no entanto, o sucesso económico não desculpa a falta de liberdade. Por isso, apesar do crescimento e da prosperidade económica do Chile, Pinochet continua a ser, para mim, um ditador e um crápula igual a Fidel.

Mas imagine o leitor que as ditaduras comunistas, em vez de produzirem miséria, a todos os níveis, produzissem riqueza e crescimento económico. Se assim fosse, Fidel e os ditadores comunistas ganhariam o estatuto de autênticos deuses e seriam adorados em todas as igrejinhas por esse mundo fora.

Esta é, talvez, a grande vantagem do fascista Pinochet sobre o comunista Fidel: ser odiado, apesar do sucesso da sua política económica, uma vez que é sempre positivo os ditadores serem odiados, independentemente do sucesso das suas políticas.


Muitos portugueses ainda olham para Francis Obikwelu e Deco como se fossem portugueses de segunda. Para essa gente, portugueses de gema são: aqueles emigrantes que, quando vêm a Portugal, fingem que já não sabem falar português; os filhos dos emigrantes que adoptam, de imediato, a nacionalidade dos países de acolhimento e que nem sequer aprendem a falar português; e todos aqueles que, tendo nascido em Portugal, se naturalizam franceses, italianos ou americanos para poderem envergar as camisolas das selecções destes países para nosso grande orgulho.
Para mim, no entanto, português-português é todo aquele que sente orgulho de ser português, de representar a nossa selecção e o nosso país, independentemente do local onde nasceu. E Francis Obikwelu e Deco, felizmente, são portugueses e dos melhores.


Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha

terça-feira, setembro 12, 2006

 

O CASO MATEUS

E a imprensa (pouco) desportiva

1. Antes de nos pormos a discutir a(s) questão(ões) de fundo do «caso Mateus», há uma questão prévia que eu gostaria que cada um de nós respondesse em consciência: se, em vez do Gil Vicente, tivesse sido o Benfica, o Sporting ou o Porto, os órgãos disciplinares da Liga tinham também decidido pela despromoção do clube?

Todos sabemos que não. Ora, se assim é, como todos nós temos a certeza que é, tal significa que as decisões dos órgãos disciplinares da Liga e da Federação estão afectadas na sua credibilidade, logo não se pode exigir a ninguém que se conforme com elas ou que as respeite.

E não deixa de ser engraçado, revelando bem o grau de hipocrisia tão característica do bom povo português, que sejam precisamente aqueles que mais clamam contra o tão famigerado «sistema», os primeiros a vir defender o respeitinho pelas decisões dos órgãos disciplinares da Liga e da Federação (ou seja, do sistema).

Esta é, também, obviamente, a posição da esmagadora maioria dos adeptos portugueses (todos eles do Benfica, do Sporting e do Porto) para quem os clubes pequenos apenas deviam servir para garantir o número mínimo de equipas para que o campeonato da Iª Liga se realizasse, sem direito a atrapalhar o «sistema» de que os três grandes sãos os fundadores, os padrinhos e os grandes beneficiários.

Eu até compreendo que a FIFA não queira ver os tribunais comuns metidos nos seus assuntos, mas também compreendo que um clube português não se conforme com decisões provenientes de uma organização que todos os dirigentes reconhecem e proclamam aos quatro ventos estar manifestamente viciada e enredada em compradios, arranjinhos e jogos de interesse de toda a espécie.

E quando o Benfica, que pariu a actual direcção da Liga (único clube dos três grandes, saliente-se, que apoiou e se empenhou na actual Direcção, tendo ficado até com o cargo mais importante: director executivo), vem agora armar-se em grande defensor da regeneração do futebol português e clamar pelo fim da Liga, ficamos absolutamente elucidados e esclarecidos do estado de podridão a que isto chegou.

2. No dia da final da Supertaça, as primeiras páginas dos jornais A Bola e Record foram umas declarações absolutamente anódinas de Luisão e, no dia seguinte, foram umas declarações de idêntico valor de Simão (?). Ou seja, o maior acontecimento desportivo daquele dia foi sacrificado, nos dois maiores jornais desportivos nacionais, por umas declarações de circunstância de dois futebolistas do Benfica. A mesma desvalorização sucedeu, de resto, com a vitória do Obikwelu nos 100 metros dos campeonatos da Europa.

As direcções dos dois jornais justificam o facto de a primeira página dos seus jornais ser feita, sistematicamente, com o Benfica (salvo raras excepções), por ser o clube que mais vende. E, como é o que mais vende, para agradar ao potencial mercado dos seis milhões de benfiquistas, impõe-se que se sacrifiquem as notícias dos resultados desportivos de relevo aos “fait divers” do dia a dia dos jogadores e dirigentes do Benfica. Segundo esta perspectiva, é mais importante, porque mais vendável, a ida do Simão à retrete do que o Vitória de Setúbal ser apurado para a final da Taça de Portugal ou disputar a Supertaça.

Só que esta preocupação obsessiva de agradar aos seis milhões de benfiquistas não pode deixar de afectar a seriedade do jornal, uma vez que a preocupação de agradar aos benfiquistas não poderá deixar de se manter, por maioria de razão, nas análises e nos comentários que se fazem dos jogos. Obviamente.

Ora, valorizar ou desvalorizar um feito desportivo consoante a equipa que o alcança, para além de ser muito pouco ético e desportivo, é uma forma intolerável de chantagem sobre os poderes que dominam o futebol e, consequentemente, um contributo decisivo para perpetuar o atoleiro em que o mesmo se transformou.


Santana-Maia Leonardo, in Primeira Linha

segunda-feira, setembro 04, 2006

 

Piscinas e mais Piscinas

Como esta na moda falar em piscinas, e visto que as nossas em Galveias nunca mais abrem... e para todos aqueles que queiram dar uns mergulhos aqui fica um excelente parque aquático que foi inaugurado a bem poucas semanas e bem perto de nós.
Situa-se em Montemor-o-Novo e neste complexo os utentes têm ao seu dispor entre outros equipamentos, uma piscina de competição, tanque de saltos, borbulhões, formação de ondas, cascata, jactos de água e um escorrega. Também existe uma cuba infantil com diversas brincadeiras para os mais novos.

Ainda a bem pouco tempo as piscinas foram inauguradas e já Montemor-o-Novo anunciou o arranque da construção de um novo Parque Desportivo (a obra já está no terreno), num investimento global de três milhões de euros, envolvendo campos para futebol, rugby, hipismo e uma pista de atletismo. O novo complexo, localizado junto do actual Parque de Exposições de Feiras, vai ser construído em duas fases, devendo a primeira, já em obra, ficar concluída em Janeiro/07. Em declarações à comunicação social, o executivo de Montemor-o-Novo, Carlos Pinto de Sá, adiantou que a primeira fase do projecto está orçada em 1,3 milhões de euros e vai integrar, além de uma pista de atletismo sintética, campos relvados para a prática do futebol e de rugby. Para a 2ªfase estão previstos campos para o hipismo e para outras modalidades desportivas ao ar livre, como basquetebol e andebol.

Espero que o executivo de Galveias aposte e aprenda com os executivos vizinhos...
Ao fim de tantos anos e de tantos milhões de Euros gastos, a JFG decidiu começar a fazer alguma obra. As piscinas de Galveias é uma obra que esta muito bonita e muito bem concebida.
È sem duvida uma obra essencial para o desenvolvimento da vila.
Contudo não basta. É preciso criar uma estrutura de apoio a mesma.
Talvez ligada ao turismo e ao lazer.

Mas para que tudo funcione na perfeição, mais do que piscinas, é necessário emprego.

Emprego para fixar os jovens de Galveias.

Sem estes, Galveias morre e as piscinas ficam ociosas.

A grande obra que os Galveenses agora ambicionam é sem duvida uma
Zona Industrial.

Carlos Marques Sousa

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