terça-feira, abril 22, 2008

 

Delphi/Ponte Sor: Encerramento da fábrica não é "tragédia"

Crato, Portalegre, 19 Abr (Lusa) - O presidente da câmara de Ponte de Sor (Portalegre), Taveira Pinto, recusou hoje considerar uma "tragédia" o encerramento da fábrica local da multinacional norte-americana Delphi, com o despedimento de mais de 500 operários.
"Tragédia nenhuma. Tragédia era se eu assumisse uma depressão colectiva no concelho de Ponte de Sor e disséssemos que era o fim do mundo", declarou o autarca, ao intervir durante um seminário sobre economia no distrito de Portalegre, que decorreu na vila de Crato.
O autarca, que falava na presença do ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, defendeu ainda que as instalações da fábrica da Delphi deveriam passar para a posse da autarquia.
"Dêem-me a mim as instalações da Delphi que eu, ao fim de ano e meio ou dois, tenho lá uma outra empresa ou mais do que uma", assegurou.
Taveira Pinto mostrou ainda compreender os argumentos apresentados pela administração da Delphi para a deslocalização da unidade fabril.
"Eu sei que as multinacionais no mundo global, e qualquer um de nós que tenhamos uma empresa, vamos para onde nos dão mais condições. E se na Hungria dão mais condições, porque os salários são inferiores aos de Ponte de Sor, é lógico que eles vão para a Hungria", disse.
O autarca de Ponte de Sor defendeu que as entidades que têm poder de decisão nos processos de negociação com as multinacionais, quando estas se pretendem instalar deveriam salvaguardar, à partida, a posse das instalações.
"Uma empresa vem para Portugal, vem para o distrito de Portalegre, é multinacional, o que é que nós devemos salvaguardar à cabeça? São as instalações", reforçou.
O autarca, que revelou aos presentes não ter "medo de nada", nem andar a "chorar ao ombro de ninguém" sobre o desenvolvimento da região, manifestou o desejo, no entanto, de que o distrito de Portalegre possua um plano estratégico claro de desenvolvimento económico.
A fábrica de Ponte de Sor da Delphi, que emprega 439 operários efectivos, além de cerca de 80 a contrato, produz apoios, mecanismos para portas de correr automatizadas e sistemas de protecção de ocupantes para vários modelos de veículos automóveis.
O encerramento da fábrica já foi anunciado pela empresa e, segundo dirigentes sindicais, fechará portas durante o primeiro trimestre do próximo ano.
Na sequência do anúncio do fecho da fábrica, estão em curso negociações entre a administração e representantes sindicais dos trabalhadores para a atribuição de indemnizações.
O processo negocial, no âmbito do qual as partes ainda não chegaram a acordo, prossegue durante a próxima semana.

HYT/RRL.
Lusa/Fim
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-04-19 21:25:02

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