terça-feira, maio 06, 2008

 

Sou do PSD de Alma e Coração! Este Post tenta explicar o que penso acerca da barafunda do PSD


Embora com relutância, também eu direi a seguir algumas palavras sobre a calamidade organizativa em que o PSD se deixou cair, há bem mais de uma década, se considerarmos que, no final do 2º Governo de maioria absoluta de Cavaco Silva, já as coisas, nesse plano, corriam francamente mal.Quando falo da calamitosa situação deste partido, faço-o sem qualquer regozijo, sem nenhum cinismo, antes com certa mágoa, porque a ele me afeiçoei, na denominada era Cavaco, e nele votei várias vezes, desde 1985 até ao advento da ilusão barrosista.Quando era já perceptível o fiasco de Durão Barroso, um caso notável de excesso de cotação para o real valor da personagem, ainda me dei ao trabalho de escrever alguns textos com intuitos morigeradores da situação que o PSD então vivia, que enderecei, sozinho e em conjunto com outras pessoas, a algumas gradas figuras políticas e mediáticas do partido.Jamais houve resposta das ditas figuras. Deveriam certamente estar muito ocupadas com altíssimas dissertações académicas ou com a elaboração de vastíssimos Tratados Económico-Político-Filosóficos, todos de marcado pendor neo-liberal, por certo de elevadíssima complexidade, que totalmente os absorvia, impedindo-os de desviar a sua digníssima atenção para coisas mais singelas, mais terra-à-terra, muito fora do âmbito das suas etéreas cogitações.
Naqueles tempos, Durão Barroso, Carlos Tavares, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, concentravam-se na competitividade da Economia, na diminuição do défice orçamental, com fortes rombos sofridos no final da generosidade guterrista, e davam também prioridade à revisão da legislação laboral.Durante dois anos, até à fuga vitoriosa de Durão Barroso para Bruxelas, fomos bombardeados com aqueles três grandes desígnios nacionais.A competitividade das Empresas traduziu-se em contenção salarial, com aumentos sempre abaixo da taxa de inflação, viciadamente calculada, com largos licenciamentos de pessoal, aqui continuando a modernização guterrista, ao mesmo tempo que se premiavam copiosamente gestores de grande intimidade pessoal com os círculos polítitco-partidários do chamado bloco-central, no que se mantinha a anterior prática guterrista, ainda que com menor sectarismo, não sei se por deliberação própria, se por ingenuidade ou se simplesmente por pura inépcia.
No combate ao défice, erguido como condição absolutamente sine qua non do nosso desenvolvimento, se não mesmo da nossa própria sobrevivência como estado soberano, chegou-se ao cúmulo de vender património à pressa, sem sequer se curar da oportunidade dos negócios, alienando ao desbarato valores e bens do Estado, que interesses especulativos rapidamente aproveitaram. No final, o resultado foi que o Estado não só não conseguiu diminuir o défice orçamental, como perdeu definitivamente património.Na apregoada ingente reforma da legislação laboral, o Governo de Durão Barroso sustentou enorme contestação social durante dois anos inteiros, para, dizia-se, estimular a criação de emprego, só possível com a destruição da rigidez legislativa vigente : «boa para quem estava empregado, péssima para quem procurava emprego», como igualmente se inculcava.No final, não houve criação de emprego, mas aumento das situações de precariedade contractual no mundo do trabalho, como o homem da CGT, Carvalho da Silva, denunciava, aqui com inteira oportunidade e razão. Tanto é assim que, agora, já se anuncia nova revisão das leis laborais, considerando-se insuficiente ou desadequada a anterior reforma de Bagão Félix.
Cumpre dizer que o PS, na altura, combateu imenso esta reforma da legislação laboral, para depois, na era socrática, praticar toda a sorte de expedientes legais e para-legais no tratamento de conflitos laborais, designadamente dos ocorridos dentro do Estado, com os trabalhadores da Função Pública.Entretanto, a ilusão barrosista consumou-se, quando surgiu a Durão Barroso a hipótese de saída em alta do decepcionante ramerrão lusitano, para as cintilantes torres bruxelenses.Com tal desfecho, proporcionou-se a felicidade a uma família nacional, e ofereceu-se a ribalta a uma suposta vedeta mediática, imbatível nos prélios eleitorais, alegava-se, que em poucos meses tratou de delapidar o pequeno crédito que retinha aos olhos dos que já o conheciam de alguns lustros.
Com as trapalhadas santanistas, pressurosamente ampliadas pela comunicação social pró-socialista, não praticante, evidentemente, deu-se de bandeja ao Presidente da República mais palavroso e inócuo do pós 25 de Abril o ensejo de ensaiar o seu grande acto de autoridade institucional, despedindo do Governo da Nação um adversário político do seu partido, que logo surgiu como força salvífica da Nação, mesmo se arregimentando uma corte de velhas e novas mediocridades, que continuaram e agravaram, no essencial, todas as medidas de gestão política e económica dos governos de Barroso e de Santana.Para quem acompanha a vida política sem subordinação mental, tudo isto foi limpidamente registado.
Sócrates entrou a governar, exaltado por uma Comunicação Social altamente estipendiada para o efeito. Aumentou impostos, decretou congelamentos de carreiras e de salários na Função Pública, dando o mote para a actuação dos Empresários no sector privado. Intimidou com medidas pidescas quem se lhe opunha dentro do Estado, sempre contando com a maioritária coadjuvação mediática, controlando tudo o que lhe era possível, para condicionar ou limitar a acção dos seus opositores.Finalmente, quando o embuste socrático começou a desmoronar-se, o partido que mais poderia lucrar com a perda de popularidade do Governo em funções, vê-se envolvido em permanentes lutas intestinas, de imaginadas sumidades ou barões, que, no entanto, nada têm a oferecer ao Partido e muito menos ao País, obcecados que estão em voltar a ser Ministros ou Administradores de Empresas do Estado ou com capital do Estado, na totalidade ou em parte, ou ainda em outras Empresas ou Bancos amigos do Estado, que também os há, como descobrimos recentemente com a crise do BCP, baluarte da iniciativa privada, mas entregue nas mãos do Estado para sua própria salvação.O Governo socrático e o seu partido chamaram-lhe naturalmente um figo, maduro, suculento e ainda por cima gratuito.
O PSD, no meio destas guerrinhas de alecrim e manjerona, tornou-se uma entidade que não inspira confiança a ninguém e, por isso mesmo, está incapacitado de lucrar com a falência da governação socrática. Chega a meter dó, ouvir o que dizem certas figuras cimeiras deste Partido.Nem parece uma instituição que anda na política há 34 anos, mas um bando, não de loucos, como o vice-rei da Madeira chamou aos Deputados da oposição, mas de desastrados políticos, que não acertam com o que devem fazer.A festejada ausência de ideologia no Partido deu nisto : qualquer grupo serve para o orientar, desde que prometa levá-lo à vitória nas próximas eleições.Ninguém cura de saber quem são estas personalidades que se apresentam para conduzir o partido. Têm competências nalgum saber ou nalguma técnica, para além de haverem ganho eleições regionais ou ajudado este ou aquele a alcançar postos de influência na máquina partidária ?Que ideias defendem para melhorar o País, excluindo os estafados dogmas do combate ao défice, a competitividade da Economia e a rigidez da legislação laboral, apesar de se admitir que possa haver aqui necessidade de intervir, porém sem a fixidez obsessiva a que temos assistido e que invariavelmente se traduz num logro final, que beneficia uns – poucos – e penaliza muitos e sempre os mesmos ?Cabe inquirir : algum dos nomes que se anunciam já expôs o seu pensamento sobre o que pretende fazer no Partido e no País, se vier a vencer eleições ?Fora do improdutivo jargão economês, que temos nós escutado de importante a tanta sumidade auto-embevecida ?Porquê insistir em nomes gastos, que já dispuseram de várias oportunidades de acção política, a qual se revelou ou uma completa irrelevância ou um fracasso rotundo, excepto no que respeita às suas aceleradas promoções sócio- económicas ?Quer o PSD ser um partido do centro, do centro-direita, do centro-esquerda ou pura e simplesmente da Direita, como ouvimos uma vez o Professor Marcelo politicamente a si mesmo se definir ?Que pretende o PSD fazer da Social-Democracia, da sua doutrina, velha, renovada ou reajustada, mas com presumível influência inspiradora na sua acção política ?Quer o PSD assumir-se como partido liberal, conservador ou democrata-cristão, sem qualquer referência à Social-Democracia ?Note-se que, ao aventar estas perguntas, não vejo nenhum mal se o PSD optar por qualquer destas supostas orientações doutrinárias, presumindo que no PSD ainda se dê importância a este pormenor da doutrina política, como fonte de ideias inspiradoras da intervenção de um Partido na sociedade.Imagino eu ainda que, antes de haver intervenção política, deva existir preparação técnica, competência nalguma área do saber, que habilite os intervenientes a agir com proficiência, com capacidade para atingir objectivos, identificar problemas, avaliar perspectivas, modos de actuação, vias de solução, etc. Que para tal, seja preciso reunir pessoas com competência técnica, seriedade, probidade, honestidade na relação com os meios utilizados e nos fins perseguidos e não só com desembaraço oratório, agilidade argumentativa, que, muitas vezes, se esgota em si mesma, nada produzindo, salvo inflação de vaidades pessoais.Devem também os putativos salvadores da pátria PSD que já se saracoteiam ponderar bem se têm vocação para a defesa do interesse público, o qual exige mais do que determinação, capacidade de decisão; exige isto e uma robustez ética que sustente todos os requisitos, técnicos e de ordem psíquica.Parece-me elementar que ninguém deve abraçar a carreira política, se não sente vocação para servir causas de interesse público ou colectivo, se não tem sentido de missão, se não está disposto a servir, sem pedir de imediato contrapartidas.Quem acha que se realiza na busca de riqueza, deve fazê-lo fora da Política, no mundo dos Negócios, das Empresas, criando bens e serviços, que são tarefas de justificada realização pessoal e também de grande utilidade social, se desenvolvidas no estrito cumprimento da lei e no respeito dos direitos dos outros.Tudo isto, creio, são banalidades, mas o País está mergulhado numa confusão tal que precisa de voltar ao reconhecimento delas, da sua indispensabilidade, se almeja seriamente a objectivos superiores.
Reformulo outra trivialidade : o País precisa de instituições com credibilidade.No sistema político existente, O PSD é um partido de carácter reformista, inter-classista, moderado, muito necessário para garantir alternativa de Governo no País, imprescindível para arredar a actual família socrática, que não é socialista, nem social-democrática, mas uma vasta rede de nomes, de apoios, de interesses, de cumplicidades, de supostas amizades, erguida e sustentada para açambarcar o Poder, onde quer que ele resida : no Estado ou fora dele.Perceber isto, é fundamental para extirpar, de vez, o mal que corrói a Nação; não para substituir esta rede por outra de semelhante jaez.Se, todavia, não há vontade para lutar por este objectivo essencial, não vale a pena tanto bulício, basta animar e prosseguir com os presentes folhetins.
Ate agora, ainda não decidi em qual das personagens irei votar...

Carlos Marques Sousa

Comments:
Como não podia deixar de ser, o meu anterior comentário também foi apagado! Estes senhores são os verdadeiros democratas. Não conseguem admitir uma critica. Seria mais sensato corrigir os erros de pontuação. Assim, evitariam comentários...
 
As críticas são sempre aceites desde que tenham o objectivo de construir. Convém não confundir críticas com afirmações negativas e com o intuito de destruir, além de serem de alguém que não tem a coragem de assumir o que escreve.
 
Apesar de tudo isto, ainda não conseguiram corrigir os erros... por isso cá vai mais um comentário. Uma sugestão: ver o significado das palavras "comentário" e "critica". Parabéns pelo carácter lúdico deste blog!
 
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